Desde pequena acredito em príncipe encantado, me emociono com aquelas histórias da carochinha, bem maniqueístas, e com final feliz. Mas, de verdade, apesar de sonhar e de ansear muito que acontecessem comigo, sincera e honestamente, nunca esperei que um dia essas quimeras fossem se concretizar.
Tanto que me casei com um homem bem humano, desistindo de vez dessa história de príncipe que, afinal, deveria jazer bem jazida dentro dos livros de contos de fadas que se desintegraram com o tempo. Ou, no máximo, atualizada e cristalizada em filmes como Uma Linda Mulher, clássico máximo do gênero.
Casei e descasei... Afinal, quem nasceu para gata borralheira não deve nunca querer escapar a seu destino! E, qual não foi minha surpresa que, quando eu estava mais leve e aberta a tudo, aconteceu! Aconteceu comigo! Eu conheci o príncipe encantado! Conheci, conheci, sim! E nos moldes que eu queria, tipo Eros e Psiqué, sabem?
Gente, até montar ele sabe! Deve ser para cavalgar no lindo cavalo branco, quando for me resgatar na torre de marfim de minhas tristezas e inseguranças...
Ele existe, eu posso sentí-lo. Ele é lindo e encantador, como convém aos príncipes encantados. Ele me olha, calado, com ternura e carinho. E sempre com um sorriso calmo e cativante. Um sorriso sedutor, limpo e seguro, como devem sorrir os príncipes da estirpe encantada. Ele me toca delicadamente. E ele não ousa me beijar... Será que não é a hora de A Bela Adormecida acordar do sono?
Bem, o fato é que ele existe, concretamente. E só pelo fato de ele existir - e reconhecer, em mim, também, a majestade! -, já me deixa imensamente feliz!